As atividades do segundo semestre de 2022 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão Troca de Saberes e Vivências: “Violência de Gênero nas Universidades brasileiras e latino-americanas” teve seu terceiro encontro no dia 29 de setembro, com a exposição das pesquisadoras do LIEG, Jeimy Marcela Cortés.
O texto apresentado e discutido por Jeimy, intitulado ¡NINGUNA AGRESIÓN SIN RESPUESTA! ACCIONES DE COLECTIVAS FEMINISTAS UNIVERSITARIAS DE BOGOTÁ FRENTE AL ACOSO SEXUAL, buscou abordar o panorama das formas de resistência à violência de gênero, especificamente ao assédio sexual, na Universidad Javeriana de Bogotá, Colômbia. Jeimy iniciou sua fala abordando o contexto sócio-político da Colômbia, que nesse ano elegeu o primeiro presidente de esquerda no país, porém, em contrapartida, durante muitos anos, sofreu as consequências das duras reformas e avanços neoliberais na educação superior.
O texto objetiva realizar uma pesquisa situada e articulada em três momentos: revisitar as próprias ações contra a violência sexual como organização; criação de um “estado da arte” sobre feminismos, universidades e violência sexual e, por fim, revisão de documentação jurídica e criação de uma linha do tempo para identificar os momentos principais da luta dos movimentos estudantis feministas de Bogotá.
Nos últimos cinco anos, segundo as autoras do texto, a existência dos coletivos feministas tem sido primordial na conquista de direitos das vítimas de violência de gênero e sexual nas instituições de ensino superior, como o acolhimento psicológico e acompanhamento jurídico dos casos. A pressão exercida sobre a necessidade de responsabilização das universidades, com relação à violência ocorrida, fez com que muitos protocolos fossem elaborados, com o objetivo de discutir essas questões. No entanto, de acordo com as autoras, os movimentos feministas reconhecem que essas ações são insuficientes, pois muitos dos protocolos não chegaram a ser formalizados e, ainda, não cumprem com todas as demandas e necessidades existentes nesse contexto de violência.
Portanto, as autoras conseguem historicizar o avanço dos movimentos estudantis feministas e combatentes, na tentativa de transformar o espaço universitário enquanto político, de disputas políticas. Nesse sentido, apresentam as 4 políticas de afinidade, como base para politizar a produção de conhecimento feminista: ampliar o alcance das medidas contra violência sexual; evitar a revitimização; difusão dos protocolos e expandir a grade curricular, na tentativa de incluir tópicos de gênero, sexualidade e feminismos nos programas acadêmicos.
Por fim, colocamos aqui mensagens que ficam “para casa”, como diria Sara Ahmed, extraídas do texto. Segue os trechos para reflexão e aprendizagem:
As Universidades: devem fornecer garantia de autonomia para os movimentos feministas, consolidar um espaço contínuo e permanente de discussões de gênero e criar um espaço seguro e habitável para as mulheres, um espaço sujeito à transformação crítica.
Como “colectiva de género”: fortalecer a mudança geracional, a fim de manter a frente de ativismo universitário. A decisão de avançar para outras frentes de luta não suprime a necessidade de reconhecermos em trazer o feminismo para outros lugares de ativismo.