Revista Estudos de Sociologia – Revista Semestral do Departamento de Sociologia e Programa de Pós-Graduação em Sociologia. FLC – Unesp – Araraquara – v.17 – n.32 – 1º semestre de 2012.
Lucila Scavone – Unesp, Universidade Estadual Paulista, FCL/Ar, SP
Dossiê: aborto, objeto da pesquisa social
Apresentação – Lucila Scavone
O aborto sob o olhar da religião: um objeto à procura de autor@s – Maria José Fontenelas Rosado-Nunes
Entre julgar e escutar: sexualidade e aborto em um bairro popular – Carmem Susana Tornquist, Denise Soares Miguel e Gláucia de Oliveira Assis
Práticas sexuais, contracepção e aborto provocado entre mulheres das camadas populares de Salvador – Cecília Maria Bacellar Sardenberg
Artigos
Políticas públicas e investimento social: quais as consequências para a cidadania social das mulheres? – Jane Jenson (autora) e Michèle Nahas (tradutora)
Feminismo e política: dos anos 60 aos nossos dias – Maria Lygia Quartim de Moraes
Memórias da militância: reconstruções da resistência política feminina à ditadura civil-militar brasileira – Danielle Tega
Violência doméstica: Centro de Referência da Mulher “Heleieth Saffioti” – Gisele Rocha Côrtes
Relatos singulares, experiências compartilhadas: mulheres chefes de família no Brasil, na França e no Japão sob o prisma da raça/etnia/nacionalidade, classe e idade – Yumi Garcia dos Santos
Ética do cuidar e relações de gênero? Práticas familiares e representações da divisão do tempo – Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti, Claudia de Faria Barbosa e Bárbara Maria dos Santos Caldeira
Questões de gênero e a experiência da loucura na Antiguidade e na Idade Média – Rosimar Serena Siqueira Esquinsani e Jarbas Dametto
Desejos, conflitos e preconceitos na invenção de si: história de uma travesti no mundo da prostituição – Paulo Reis dos Santos
Corpo e identidades femininas: a intermediação da mídia – Ana Lúcia Castro e Juliana do Prado
Resenha
Diálogos em construção: estudo sobre gênero nas ditaduras do Cone Sul – Lina Maria Brandão de Aras
Resistências, gênero e feminismos contra as ditaduras no Cone Sul/ organização Joana Maria Pedro, Cristina Scheibe Wolff e Ana Maria Veiga. – Florianópolis: Ed. Mulheres, 2011.
Sumário:
Apresentação
1. A pesquisa sobre gênero, feminismos e ditaduras no Cone Sul: um relato de viagens e
algumas reflexões – Joana Maria Pedro e Cristina Scheibe Wolff
Feminismos em tempos de ditadura
2. Um mosaico de discursos: redes e fragmentos nos movimentos feministas de Brasil e
Argentina – Ana Maria Veiga
3. A questão do trabalho doméstico: recortes do Brasil e da Argentina – Soraia Carolina de
Mello
4. Sexualidade e erotismo nas páginas dos periódicos feministas (Brasil e Argentina –
décadas de 1970 e 1980) – Luciana Rosar Fornazari Klanovicz e Maria Cristina de Oliveira
Athayde
5. Leituras feministas de O Segundo Sexo no Brasil e na Argentina – Joana Vieira Borges
6. Entre o feminismo e a esquerda: contradições de embates da dupla-militância – Isabel
Cristina Hentz e Ana Maria Veiga
7. Mulheres operárias na Argentina e no Brasil: uma análise de jornais da década de 1970
– Gisele Maria da Silva
8. Movimentos feministas e Igreja Católica: uma análise comparativa de periódicos –
Gabriela Miranda Marques
Repressão, revolução e cultura
9. Os Nunca más no Cone Sul: gênero e repressão política (1984-1991) – Mariana Joffily
10. Mulheres em guarda contra a repressão – Ana Rita Fonteles Duarte
11. Trajetórias de mulheres em movimentos sociais no campo: comparações entre Brasil e
Paraguai (1960-1989) – Larissa Viegas de Mello Freitas
12. A participação das mulheres na luta armada do Cone Sul – Andrei Martin San Pablo
Kotchergenko
13. Falar de si, falar de nós: performances e feminilidades alternativas no teatro sul-
americano (1975-1984) – Gabriel Felipe Jacomel
14. Nas ruas e na imprensa: mulheres em movimento durante as ditaduras militares no
Brasil e no Chile – Karina Janz Woitowicz e Joana Maria Pedro
15. Fé e relações de gênero nas esquerdas cristãs: Brasil e Chile no contexto das ditaduras
latino-americanas – Priscila Carboneri de Sena e Vivian Barbosa Moretti
16. Gênero, sacrifício e moral nos grupos de esquerda armada (Brasil e Argentina dos anos
1960 aos 1980) – Lilian Back
17. Sujeitos e amores: relações pessoais e revolução – Sergio Luis Schlatter Junior
Artigos Cultura & Gênero: HEMMINGS, Clare. Contando estórias feministas.
Este artigo, da professora da London School of Economics Clare Hemmings, identifica e analisa as estórias dominantes que acadêmico/as contam a respeito do desenvolvimento da segunda onda da teoria feminista ocidental. Através do exame da produção recente de publicações interdisciplinares feministas e de teoria cultural, a autora sugere que, a despeito de uma retórica insistente sobre múltiplos feminismos, as trajetórias feministas ocidentais emergem de forma surpreendentemente singular. A autora critica, particularmente, uma narrativa insistente que vê o desenvolvimento do pensamento feminista como uma marcha incansável de progresso ou perda. Essa abordagem dominante simplifica a complexa história dos feminismos ocidentais, fixa autoras e perspectivas dentro de uma década específica e, repetida e erroneamente, posiciona feministas pós-estruturalistas como as ‘primeiras’ a desafiar a categoria “mulher” como sujeito e objeto do conhecimento feminista. Ao invés de propor uma história corretiva da teoria feminista ocidental, o artigo questiona as técnicas através das quais essa narrativa dominante é garantida, apesar de que tenhamos (se referindo às teóricas feministas) consciência disso. O foco da autora, então, recai sobre padrões de citações, recortes discursivos e alguns de seus efeitos textuais, teóricos e políticos. Como alternativa, Claire sugere um realinhamento das principais teóricas (aquelas que efetuaram uma interrupção crítica na teoria feminista) com seus traços feministas no uso de citações, forçando assim o concomitante re-imaginar de nosso legado histórico e de nosso lugar dentro dele.
(texto extraído do resumo da autora)
Artigos Cultura & Gênero: COSTA, Claudia. O sujeito no feminino.
No presente artigo, de autoria da Professora adjunta de Teoria Literária e Estudos Culturais na Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisadora do CNPq Claudia de Lima Costa, a autora examina a condição disciplinar do sujeito no feminismo, sua identidade ambivalente e sua capacidade de agenciamento à luz das discussões sobre identidade, diferença, lugar e enunciação articulados pelas teorias feministas pósestruturalistas. Tendo em vista que não podemos abordar questões sobre o(s) sujeito(s) e sua(s) identidade(s) sem examinarmos os vetores constitutivos dos mesmos, a autora explora como as teorias feministas têm sido capazes de oferecer definições alternativas (de uma maior positividade) do sujeito e da identidade que, mesmo que se apoiando na inevitabilidade epistemológica da desconstrução desses, resistem ao perigo de esvaziá-los de qualquer materialidade.
(texto extraído do resumo da autora)
Estudos feministas Las Madres: Desde el dolor y la esperanza
Gostariamos de divulgar o trabalho de Investigação do Observatório Audiovisual e Investigativo, que evidencia a luta das mulheres de distintos países latino americanos que enfrentaram o excesso de poder e as arbitrariedades cometidas pelos Governos militares . Nesse caso trata-se de uma situação comedida na Colômbia onde mulheres indígenas e afro descendentes foram vitimas de muitas atrocidades.
Segue abaixo uma parte do trabalho, em espanhol, pela militante Fabíola Lalinde:
“MILITANTE DEL PARTIDO DE LAS MAMÁS / 25 años recorriendo los caminos de la noche y de la niebla en la búsqueda de los desaparecidos, es una experiencia que no se adquiere ni en la mejor universidad del mundo. A raíz de mi trabajo permanente con familias afectadas y víctimas del conflicto armado que padecemos los colombianos desde hace más de sesenta años, pude constatar que somos las mujeres en general y las madres en particular, quienes en la práctica llevamos la peor parte y las más afectadas por todas las formas de violencia que han ido surgiendo paralelas al conflicto interno. De un día para otro y sin previo aviso, nos convertimos en papá, mamá, amas de casa, empleadas en un trabajo u ocupación remunerada. Investigadoras y, además, dedicarle tiempo a la búsqueda del hijo, del hermano, del padre o del esposo, en el caso concreto, tanto de los hombres como mujeres desaparecidas o víctimas de ejecuciones extrajudiciales. Definitivamente, los hijos son el motor que mueve nuestra existencia, nos llevan a realizar proezas jamás imaginadas. Son nuestra fortaleza espiritual y moral que nos mantiene en pie de lucha por la defensa de sus vidas y de sus derechos. En este transitar, además, conocí de cerca el drama de las madres y familias de los secuestrados: soldados y civiles; de los asesinados en masacres y de los discapacitados por las minas. Sumadas las innumerables fosas comunes con miles de restos humanos sin identificar
y el drama de los desplazados que deambulan por las grandes ciudades. Todos, víctimas de los diferentes actores armados: guerrilla, paramilitares, autodefensas, narcotraficantes y, como si fuera poco, se suman miembros del ejército y de otros organismos del Estado responsables de ejecuciones extrajudiciales y otras violaciones de los derechos fundamentales. Por todos los motivos expuestos me declaré del Partido de las Mamás. Duelen profundamente todas las madres y todos los hijos del mundo, víctimas de la barbarie y el exterminio que vienen realizando los señores de la guerra contra los de su misma especie: La especie humana. La deshumanización más aberrante o, más grave aún, el principio del fin de la especie. Como lo he manifestado en otros espacios, estoy convencida de que este mundo no se ha derrumbado porque lo sostiene la débil humanidad de las mujeres.
Fabíola Lalinde”
Confira mais sobre o assunto na entrevista de Lalinde:
http://blip.tv/elretornotv/fabiola-lalinde-entrevista-1739457
As Fronteiras: Retomando a palavra e libertando significados
A partir de uma dimensão da cultura, a palavra fronteira desvencilha-se da ideia de limite territorial definido, a priori, como algo fixo para o delineamento de limites. Liberada desse comprometimento, ela pode ser pensada em outras dimensões: como momentos de transição de identidades vivenciados pelos indivíduos, no caso as mulheres, frente às normas estabelecidas.
Questionando o discurso determinante e conectadas a processos de mudanças, elas saíram das margens em que viviam e buscaram reconhecimento de si, fizeram novas escolhas identitárias e assumiram outras possibilidades de ser, de inserção social, associadas à garantia de seus direitos. Reconhecendo a existência desse movimento, proponho um olhar fronteiriço sobre a inserção de mulheres na condição de viuvez, de modo a observar as múltiplas identidades femininas em seus protagonismos.
A presente reflexão pretende levar em consideração os esgarçamentos sociais para além dos limites e sentidos impostos – no caso, a viuvez –, dilatar as fronteiras de seus significados e pensar na possibilidade de sujeitos híbridos, diferenciados, sendo, portanto, móveis e se deslocando a todo momento em uma performance contínua de atuação, como bem têm demonstrado os estudos contemporâneos sobre as relações de gênero que levam em consideração as distinções de raça, de classe, de etnia e, principalmente, de gerações.
Veja o artigo completo aqui
Shirin Neshat Rapture – 1999 – video
Shirin Neshat: Arte no exílio
GT de Gênero ANPUH 2011
Por Lídia V. Possas
Assumimos , eu a Cristina Wolff/UFSC, a Coordenação Nacional do GT para a Gestão do GT 2011/2013. Sabemos ser um desafio mais um prazer dar continuidade as suas atividades que vem desde o trabalho de nossas coordenadoras anteriores: Rachel Soihet e Joana Pedro ganhando visibilidade acadêmica e garantindo espaços concretos de atuação como o Ensino, a Pesquisa e a Extensão .
E uma de nossa metas é dar prosseguimento a tarefa de ampliar a nossa “ rede com a instalação de GTs nas sedes regionais da ANPÙH. A Joana Pedro já nos deixou essa tarefa….
Agradecemos a confiança de tod@s e vamos prosseguir motivados por novas idéias que deverão ser traduzidos em projetos inovadores que foram apresentados na plenária da reunião .
A 10ª Reunião Administrativa do GT Gênero ocorreu na 5ª feira, dia 21/07 com uma presença significativa de colegas de várias regiões do país que se encontravam no Simpósio.
Houve a ativa participação de tod@s e dentre outros assuntos da Pauta ( enviaremos a Ata em breve) fizemos uma avaliação da “forma atípica ” de inserção do GT no XXVI ANPUH.
Além da Conferencia da Joana Pedro, que foi excelente do ponto de vista de resgatar a trajetória histórica do GT ( 10 Anos de GT 2001-2011) e principalmente teórica sobre os usos das categorias que antecederam ao Gênero, que se revigora como uma “ questão” e de uma amplitude abarcando outras temáticas e perspectivas de análise. O campo cresceu e se complexificou…
Também a Mesa Redonda apontando uma balanço historiográfico da produção brasielrira ( Rachel Soihet , a “ presentificação da ausência” , com um relato de suas experiências; Suely Gomes que nos trouxe uma reflexão sobre Por que Gênero? Através de um interessante comparação com o campo na França ; e Margareth Rago com a potencialidade de suas pesquisas e de seu Grupo.)
A grande questão foi analisar os resultados da ausência de um ST especifico do GT; foram levantados alguns pontos relevantes a serem ressaltados: a nossa circulação em outros GTs foi altamente positiva permitindo diálogos , trocas de experiências e uma boa receptividade embora foi também observado que para outros essa inserção deixou a desejar diante do “ estranhamento” que a categoria ainda possui.