Terceiro encontro da Roda de Conversa “As epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?”

As atividades do segundo semestre de 2021 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão “As epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?” teve seu terceiro encontro no dia 07 de outubro com a exposição da psicóloga e professora Nilma Renildes da Silva, da UNESP-Bauru, do livro A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero de Oyèrónkè Oyèwùmí.

A autora desse livro é uma cientista social, teórica e feminista nigeriana. Publicada em 1997, a obra é resultado da sua tese de doutorado e propõe uma crítica pós-colonial e feminista do predomínio ocidental nos Estudos Africanos, a partir de uma argumentação de cunho epistemológico e metodológico. Oyèrónkè argumenta, com base em evidências linguísticas e etnográficas, que antes da colonização britânica a sociedade yoruba-oyó do sudoeste da Nigéria não organizava os papeis sociais a partir de hierarquias sexuais, corporais e de gênero, e sim pela senioridade.

Portanto, depois de apresentar resumidamente cada capítulo desse livro, a professora Nilma, logo em seguida, abriu o debate para nossa roda de conversa. As reflexões e perguntas demonstraram a importância da contextualização e o cuidado que devemos ter ao utilizar as categorias de gênero e patriarcado não somente nos estudos de sociedades africanas, mas em todas as nossas análises enquanto pesquisadoras e teóricas dos estudos de gênero, feminismos, culturas, história, masculinidades, violência e etc.

Nossas atividades continuarão até novembro e nos próximos encontros dos dias 21/10 e 28/10 nos debruçaremos sobre o livro Complaint! de Sara Ahmed, contaremos com a presença da autora.

Informações da biografia de Oyèrónkè Oyèwùmí retiradas do site: Biografias de mulheres africanas

Fórum Permanente sobre Diversidade, Equidade e Direitos Humanos na Universidade

Universidade e os novos desafios: Violência e Assédio

No próximo dia 20/10, às 17h, a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” promoverá o Fórum Permanente sobre Diversidade, Equidade e Direitos Humanos na Universidade com as professoras Emilia Barbosa, Hillary Hiner, Lídia Maria Vianna Possas e Sandramara Matias Chaves.

O fórum será transmitido ao vivo pelo canal oficial da UNESP e tem como objetivo dar visibilidade aos novos desafios enfrentados pelas universidades, especificamente com relação às práticas de violência e assédio. O LIEG convida a todos, todas e todes a mandarem suas perguntas pelo chat e participarem do evento.

Centenário do educador Paulo Freire

Paulo Freire (1921-1997) nasceu em Pernambuco, na cidade de Recife, e deu início à sua vida enquanto professor de língua portuguesa no Colégio Oswaldo Cruz. Em 1943 ingressou na Faculdade de Direito do Recife e, depois de formado, continuou atuando como educador de português no mesmo colégio e de filosofia da educação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco. Seu primeiro projeto usando o Método de Alfabetização Paulo Freire ocorreu em 1962 na cidade de Angicos no sertão do Rio Grande do Norte, quando 300 trabalhadores da agricultura foram alfabetizados. O projeto ficou conhecido como “Quarenta horas de Angicos”.

Durante a época da ditadura militar de 1964-1985 aqui no Brasil, Freire ficou exilado por 5 anos no Chile, onde desenvolveu trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária. Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard e por 10 anos foi consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Municipal das Igrejas em Genebra, na Suíça. O educador viajou por vários países atuando enquanto consultor educacional. No retorno ao Brasil foi professor da UNICAMP e da PUC. Atuou como Secretário de Educação da prefeitura de São Paulo na gestão de Luísa Erundina em 1989.

No dia 19 de setembro desse ano o educador completaria 100 anos de vida e, como uma das comemorações e homenagens à sua figura, nossas atividades de extensão da Roda de Conversa estão sendo elaboradas a partir de práticas pedagógicas-metodológicas freirianas. Paulo Freire dedicou grande parte de sua vida à alfabetização e à educação da população mais vulnerável. Hoje, sua biografia, obras e feitos são devidamente reconhecidos mundialmente e nacionalmente, apesar dos ataques que o patrono da educação brasileira vem sofrendo nos últimos anos.

A nossa proposta de Roda de Conversa estabelece uma relação direta com a pedagogia crítica e libertária de Paulo Freire, pois a produção de momentos singulares de partilha, do exercício da escuta e da fala representam uma experiência transformadora na vida dos/as participantes. Nossa prática dialógica, inspirada em Freire, consegue realizar um intercâmbio de ideias mais democrático e participativo. A tentativa de não eleger um único porta-voz do saber ou uma hierarquia de saberes nos nossos encontros têm possibilitado mudanças na forma como nos relacionamos com os espaços da universidade, apesar do formato online das atividades. Portanto, nas reuniões do LIEG e da Roda de Conversa temos construído em conjunto novos olhares, sentidos e discursos diante o mundo e nossa realidade.

Indicação de leitura das obras de Paulo Freire, que têm inspirado nossa prática pedagógica-metodológica: Pedagogia do Oprimido (1968) e Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa (1996).

Referência utilizada para pesquisa sobre biografia de Paulo Freire: Disponível em: https://www.ebiografia.com/paulo_freire/. Acesso em: 29 set. 2021

Primeiros encontros da Roda de Conversa “As Epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?”

As atividades do segundo semestre de 2021 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero já começaram! A nossa ação de extensão “As epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?” teve seu primeiro encontro no dia 02 de setembro com a exposição da Professora Lídia Possas, da UNESP-Marília, do texto Sex and Power in the University publicado na Annual Review os Critical Psychology em 2018. As autoras do texto fazem parte de um grupo de feministas indianas e, nesse texto, situam a violência de gênero nas universidades como um problema que está sendo vivido e combatido de forma global. A professora Lídia fez uma apresentação de slides com os principais pontos abordados pelas autoras e, logo em seguida, realizamos nossa roda de conversa aberta, surgiram dúvidas, queixas e depoimentos que possibilitaram o aprofundamento sensível e teórico do tema.

O segundo encontro ocorreu no dia 16 de setembro com a exposição do Professor Wlaumir Doniseti de Souza, sociólogo e antigo membro da Academia de Letras de Ribeirão Preto, de seu próprio capítulo intitulado Patriarcado, Patriarcalismo e Neopatriarcalismo: por um debate terminológico de uma longa história do livro Cultura e Diversidade na resistência ao retrocesso (2021). O professor apresentou uma síntese com os principais pontos do texto e, logo em seguida, abriu o debate para nossa roda de conversa. Os conceitos trazidos pelo professor são trans-históricos, ou seja, são formas estruturais de dominação, controle e exploração de gênero que assumem novas roupagens ao longo da história para estabelecerem sua hegemonia. A discussão posterior à apresentação proporcionou um aprofundamento de diversas questões e dos respectivos conceitos (suas formulações, influências, inspirações teóricas, metodológicas e etc.).

Nossas atividades seguirão até novembro desse ano e continuaremos atualizando nosso site sobre cada encontro. Acompanhe nosso trabalho nas redes sociais: Instagram (@culturaegenero.lieg), Facebook (Cultura e Gênero) e Twitter (@liegunesp).