O movimento feminista do LIEG – o que levamos para casa em 2021?

Un movimiento feminista es un movimiento político colectivo. Muchos feminismos significa muchos movimientos Un colectivo es lo que no permanece quieto, sino que crea movimiento y es creado por él. Imagino la acción feminista como ondas en el agua: una pequeña ola, posiblemente creada por los rigores del clima, aqui y allá, cada movimiento possibilitando otro, otra onda, hacia fuera, expansiva (…). Un movimiento también es un refugio. Convocamos; tenemos una convención. Un movimiento nace para transformar lo que existe.

Citação do livro Vivir una vida feminista de Sara Ahmed, 2018, p. 15-16.

Finalizamos as atividades de 2021 com muitas reflexões e aprendizados. O LIEG, mais uma vez, protagonizou o movimento de dar visibilidade a epistemologias, metodologias e teóricas/os marginalizadas e esquecidas pela grade curricular dos cursos tradicionais. Isso significa que, ao refletirmos sobre a retrospectiva desse ano, fomos capazes de estudar e colocar no centro do debate autoras e autores como Robert W. Connel, Grada Kilomba, Beatriz Preciado, Vilma Piedade, Silvia Federici, Sara Ahmed, Karuna Chandrashekar, Kimberly Lacroix, Sabah Siddiqui, Boaventura de Sousa Santos, Oyèrónkẹ Oyěwùmí, Françoise Vergès e muito mais.

Em 2021 continuamos enfrentando as consequências de uma pandemia que tem se alastrado pelo mundo nos últimos dois anos. Logo, esse ano não significou somente estudos, leituras e debates, mas momentos de muita luta, companheirismo e união. A rede de troca, acolhimento e resistência, criada por nós, tem possibilitado a quebra das barreiras estabelecidas pela Universidade. O contato com pesquisadoras e pesquisadores da América Latina, Estados Unidos e Europa ilustra a potência de criar um movimento feminista coletivo além-fronteiras.

Nosso planejamento para 2022 é fortalecer esse grupo internacional com a criação de Dossiês Feministas que abordem a temática da Violência de Gênero na Universidade, foco de análise de muitas pesquisadoras do LIEG. Portanto, nossa ação e entusiasmo demonstram que não estamos encerrando ciclos, mas dando continuidade a um tear de conhecimento, parcerias, enfrentamentos e transformações. Segundo Sara Ahmed (2018, p. 123 – tradução livre), “reunimos um exército armado de braços em resposta a esta súplica. Um exército de braços feministas poderia pulsar com vida e vitalidade compartilhadas”. 

Desejamos boas festas e muitas doses de vacina nos nossos braços resistentes! Agradecemos muito a presença de todas, todos e todes nesse ano que se encerra, e esperamos, em breve, nos reconectar em 2022.

Em memória e homenagem à figura de bell hooks, uma das escritoras e ativistas que mais contribuiu para o movimento e a teoria feminista negra, deixamos aqui uma reflexão sobre nossa força individual e de como essas palavras nos tocaram, especialmente depois dessa perda irreparável:

“Sometimes people try to destroy you, precisely because they recognize your power — not because they don’t see it, but because they see it and they don’t want it to exist.”

“Em alguns momentos pessoas tentam te destruir, isso ocorre precisamente porque reconhecem seu poder – não porque não o enxergam, mas exatamente porque conseguem vê-lo e não querem que ele exista”. (tradução livre).

Último encontro da Roda de Conversa ““As epistemologias do Sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?”

As atividades do segundo semestre de 2021 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero chegaram ao fim! A nossa ação de extensão “As epistemologias do Sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?” teve seu nono e último encontro no dia 09 de dezembro com a participação de Rodrigo Perez Oliveira, doutor em História Social pela UFRJ e professor adjunto de Teoria da História na UFBA, onde atua na graduação e na pós-graduação.

O professor convidado ficou responsável por nos apresentar alguns aspectos importantes no processo de elaboração de um projeto de pesquisa. Nós do LIEG, enquanto um grupo heterogêneo de pesquisadoras/es, prezamos pela boa qualidade do fazer ciência. Apesar de toda discussão em torno da prevalência do cânone científico europeu, tão criticado pelas epistemologias do Sul, o grupo considerou importante nos apropriarmos dos instrumentos necessários para dar continuidade à carreira acadêmica enquanto pesquisadoras feministas estraga-prazeres.

Portanto, partindo desse lugar do olhar da criticidade metodológica das teóricas e teóricos do Sul, é possível construir um projeto de pesquisa que aborde todas essas questões. No entanto, no encontro com professor Rodrigo, focamos nos principais componentes de um projeto e o que caracteriza cada um deles. Nos aprofundamos sobre a Introdução, Justificativa, Objetivos, Discussão Teórica, Metodologia do trabalho e quais os primeiros passos que devem ser tomados na elaboração de uma boa pesquisa no geral.

As gravações, textos e fichamentos de todas as sessões ficarão disponíveis no link do drive divulgado para email de inscrição! Agradecemos a todos, todas e todes que fizeram parte da nossa trajetória em 2021. Pedimos que acompanhem o último post desse ano, para mais informações sobre nossos próximos passos em 2022.

Oitavo encontro da Roda de Conversa “As Epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?”

As atividades do segundo semestre de 2021 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão “As epistemologias do Sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?” teve seu oitavo encontro no dia 25 de novembro com a exposição de Paulo Eduardo Teixeira, professor da graduação e pós-graduação da UNESP/Marília e presidente da ANPUH-SP, do capítulo I. do livro Epistemologias do Sul, organizado por Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses.

Boaventura de Sousa Santos nasceu em Coimbra, no dia 15 de novembro de 1940. É Doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale (1973) e Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison. Tem escrito e publicado extensivamente nas áreas de sociologia do direito, sociologia política, epistemologia, estudos pós-coloniais e sobre temas dos movimentos sociais, globalização, democracia participativa, reforma do Estado, direitos humanos. Realizou trabalho de campo em Portugal, Brasil, Colômbia, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Bolívia e Equador.

A exposição do professor Paulo proporcionou um debate acerca de formas específicas da produção científica de conhecimento, quais são consideradas válidas e quais são descartáveis para aqueles que construíram o pilar de uma ciência que pretende ser neutra e universalizante. No prefácio do livro duas questões são apresentadas: “Por que razão, nos dois últimos séculos, dominou uma epistemologia que eliminou da reflexão epistemológica o contexto cultural e político da produção e reprodução do conhecimento? Quais foram as consequências de uma tal descontextualização? São hoje possíveis outras epistemologias?”

O que foi debatido na sessão e discorrido ao longo do texto foi essencial para compreendermos nosso lugar enquanto pesquisadoras e pesquisadores da América Latina. Discussão que tem ganhado destaque nos estudos pós-coloniais e protagonismo na elaboração de epistemologias do Sul. A oitava sessão da nossa Roda de Conversa enriqueceu nosso arcabouço teórico e metodológico, pois apresentou uma lente de análise que parte de uma outra compreensão do fazer ciência.

O próximo encontro do LIEG, que fechará as atividades do ano de 2021, estará centrado na elaboração de um projeto de pesquisa completo e bem feito, para finalizarmos com perspectiva de aprimoramento das nossas técnicas enquanto pesquisadoras/es.

Avanços – UNESP concederá bolsas de caráter emergencial para alunas que se tornarem mães

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, do dia 1 de dezembro de 2021, a Unesp (Universidade Estadual Paulista), vai oferecer a partir do próximo ano bolsas para alunas que se tornarem mães durante a pós-graduação ou a graduação. Elas receberão o pagamento pelo período de seis meses.

De acordo com Isabela Palhares, escritora da reportagem, a iniciativa, em caráter emergencial, faz parte de um plano da universidade para evitar a evasão das mulheres na comunidade acadêmica e científica após a maternidade. A concessão de bolsas irá acontecer primeiro como um projeto-piloto.

Alguns dados apresentados no texto nos auxiliam a compreender a complexidade e importância de dar visibilidade à questão da maternidade, tanto para a universidade quanto para as pesquisadoras em geral. “Nos últimos cinco anos, 156 professoras da universidade tiraram licença-maternidade e 32 não retornaram ao trabalho —ou seja, mais de 20% deixou a vida acadêmica após se tornar mãe”.

A matéria escutou Maria Valnice Boldrin, pró-reitora de Pós-Graduação da Unesp, que diz: “É um dado que nos deixou muito alarmados, porque se trata de docentes que receberam o recurso financeiro para o período da licença-maternidade e mesmo assim se afastaram da universidade. Para as alunas, a situação é ainda pior, já que não têm nem mesmo o suporte financeiro”.

Conforme a reportagem, a Unesp também deve votar nas próximas semanas uma minuta determinando que as mulheres não podem perder o vínculo com os programas de pós-graduação por ao menos seis meses após a maternidade. “Hoje, as mulheres correm o risco de serem desligadas por não acompanhar as atividades nesse período ou não conseguir cumprir os prazos de produção científica. É um absurdo”, diz Boldrin.

Para Boldrin: “Em todo o mundo está ocorrendo esse movimento para que a comunidade acadêmica seja menos excludente com as mulheres, menos punitiva com quem está criando uma criança. Tivemos diversas gerações de pesquisadoras prejudicadas, imagine quantas cientistas e descobertas perdemos por essa exclusão”.

Legenda e créditos da imagem destacada: Candidata durante prova do vestibular da Unesp 2021; bolsas maternidade também serão válidas para alunas de graduação – Priscila Bernardes/Divulgação Vunesp.

Trechos retirados da reportagem “Unesp vai oferecer bolsa para alunas que se tornarem mães na pós ou na graduação” de Isabela Palhares.

Sexto e sétimo encontros da Roda de Conversa “As Epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?”

As atividades do segundo semestre de 2021 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão “As epistemologias do Sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?” teve seu sexto e sétimo encontros, respectivamente, nos dias 04 e 11 de novembro com a exposição de Vandreza Amante Gabriel, pesquisadora do LEGH (Laboratório de Estudos de Gênero e História) e pós-doutoranda do Programa de Pós-graduação em História na UFSC.  

O livro trabalhado é intitulado Um feminismo decolonial de Françoise Vergès, que nasceu na França e é cientista política, historiadora, ativista e especialista em estudos pós-coloniais. Vandreza apresentou os slides com o fichamento do capítulo I. Definir um campo: o feminismo decolonial e do capítulo II. A evolução para um feminismo civilizatório do século XXI. A autora do livro coloca alguns questionamentos acerca do feminismo como uma das forças motrizes das ideologias de direita, que por muito tempo o ignoraram, mas hoje ganha terreno nos discursos e práticas de manutenção dessa ordem social, econômica e política. Vergès questiona:

Como passamos de um feminismo ambivalente ou indiferente à questão racial e colonial no mundo de língua francesa a um feminismo branco e imperialista? Como os direitos das mulheres se tornaram um dos trunfos do Estado e do imperialismo, um dos últimos recursos do neoliberalismo e a mola propulsora da missão civilizatória feminista, branca e burguesa?

Vergès, 2020, p. 20

Essas inquietações demonstram a necessidade de darmos visibilidade ao processo de construção hegemônica de um feminismo que não atende às necessidades das mulheres plurais, mas contribui com um sistema de opressão, violência e invisibilização, especialmente das que se encontram em posição de vulnerabilidade nas sociedades, como as indígenas e pretas. Portanto, a partir da sua trajetória de escrita e posicionamento decolonial, Vergès clama por aquelas que tem seus corpos, mentes e vidas desgastadas e descartadas. Vamos passar a refletir sobre nosso feminismo? A quem ele serve? Por quem ele é construído? Por que devemos considerar feminismos?

Nossas sessões de debate têm sido muito necessárias como ferramentas de diálogo e reflexão com relação à nossa própria luta, nossos estudos e nossa existência. Fica aqui o registro da importância do trabalho que o LIEG tem realizado nesses últimos anos.

Sara Ahmed – quinto encontro da Roda de Conversa “As Epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?”

As atividades do segundo semestre de 2021 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão “As epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?” teve seu quinto encontro no dia 28 de outubro com a presença de Sara Ahmed, escritora feminista e acadêmica independente (todas as informações sobre Ahmed e sua trajetória estão no post anterior do nosso site).

Sara iniciou sua fala dizendo que pretendia realizar uma conversação informal sobre algumas reflexões e métodos na sua produção do livro Complaint!, essencialmente sobre sua atuação dentro e fora da universidade ao colocar em prática o feminist ear (“ouvido feminista”). Logo em seguida, Ahmed nos apresenta a ideia da pessoa reclamante no processo de realização das denúncias de práticas de violência dentro das universidades e de como o ato de “reclamar” (denunciar) está associado à imagem da feminista estraga-prazeres, que frequentemente não é ouvida.

O trabalho de Sara Ahmed, como uma “ouvido feminista”, destaca uma importante lição de como o exercício de um complaint collective, uma denúncia realizada de forma coletiva, pode significar a criação de um mecanismo de proteção. Segundo Ahmed, coletar e juntar experiências de violência ou de abusos de poder de várias pessoas de uma mesma instituição, para elaborar uma denúncia, é contar uma história compartilhada. Para a autora, esse trabalho e a linguagem de denunciar coletivamente representam como uma boa articulação entre pessoas dedicadas na erradicação das práticas de violência dentro da universidade pode refletir na criação de uma rede de proteção maior às vítimas, depois de realizada a denúncia.  

Portanto, observamos que a atuação de Sara ao se tornar o “ouvido especializado” representou a falha da instituição em levar suas denúncias à sério. Essa rede de reclamações ganhou cada vez mais forças e importância dentro da universidade, pois colocou em destaque a falta de amparo de toda comunidade acadêmica que realizava uma denúncia, ou que pretendia realiza-la.

Trecho da Introdução do livro Complaint!: “Um ouvido feminista pode ser considerado como tática institucional. Para ouvir as reclamações, você precisa desmantelar as barreiras que nos impedem de ouvir as reclamações e por barreiras estou me referindo às barreiras institucionais, as paredes, as portas, que determinam muito do que é dito, o que é feito, de forma invisível e inaudível. Se você precisa desmantelar barreiras para ouvir reclamações, ouvir reclamações te torna mais consciente dessas barreiras…Se dá trabalho ouvir reclamações é porque dá trabalho para os outros entrarem em contato com você. Se tornar um ouvido feminista significa não apenas escutar as reclamações dos estudantes, significa também compartilhar o trabalho. O coletivo delas se torna o nosso coletivo, o coletivo delas se torna nosso. Eu penso nesse ‘nosso’ como a promessa do feminismo, não ‘nosso’ como posse, mas como convite, abertura, uma junção de forças”.

O trabalho que o LIEG tem realizado, enquanto grupo e enquanto futuro grupo de denúncias coletivas, representa a força de permanecer resistindo, estudando e pesquisando diante um cenário desafiador dentro da universidade. Somos feministas estraga-prazeres e queremos ocupar mais espaços como tais.

Sara com sua camiseta #feministkilljoy
Print da tela do GoogleMeet do encontro com Sara no dia 28/10

Quarto encontro da Roda de Conversa “As Epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?”

As atividades do segundo semestre de 2021 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão “As epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?” teve seu quarto encontro no dia 21 de outubro com a exposição da professora Emilia Barbosa, da University of Science and Technology em Rolla – Missouri nos EUA, dos principais aspectos do livro Complaint! de Sara Ahmed.

Sara Ahmed é uma escritora feminista e acadêmica independente. Estuda e trabalha com feminismo interseccional, teoria queer e com estudos sobre raça. Sua pesquisa tem como foco como os corpos e os mundos tomam forma e como o poder é assegurado e desafiado no dia a dia das culturas institucionais, especificamente das universidades.

Obteve título de bacharel em Inglês, Filosofia e História com honras na Universidade de Adelaide, na Austrália, em 1990. No ano de 1994, se tornou PhD no Centro de cultura e teoria crítica na Universidade de Cardiff. Em 2001 passou a lecionar Estudos Feministasna Universidade de Lancaster, onde ficou até 2005, quando passou a lecionar sobre raça e cultura em Goldsmiths, na Universidade de Londres, onde inaugurou e foi a primeira diretora do Centro de Pesquisa Feminista da universidade. Sua experiência na Goldsmiths terminou em 2016, quando Sara pediu demissão do seu cargo como forma de protesto pelo fracasso da universidade em lidar com as questões envolvendo assédio sexual.

A autora mantém o blog Feminist kill joys no qual publica diversos textos e ensaios. O blog surgiu enquanto ela escrevia o seu livro “Viver uma vida feminista”, e tem como objetivo traçar experiências do cotidiano da experiência de ser feminista, entretanto, repensando aspectos chaves da teoria feminista. O blog tem como proposta que essa história seja escrita em conjunto, e por isso continua sendo atualizado com os novos projetos da autora.

Atualmente, seu foco principal é estudar e escrever. É autora de mais de 10 livros, sendo os mais recentes Complaint! (2021), Living a Feminist Life (2017), The Cultural Politics of Emotion (2014).

Também continua seu trabalho como palestrante e participando de eventos públicos, como o que ocorrerá no dia 28/10, quinta-feira. A nossa quinta sessão da atividade de extensão do LIEG contará com a presença de Sara Ahmed e você poderá acompanhar a repercussão desse evento nas redes sociais: Instagram (@culturaegenero.lieg), Facebook (Cultura e Gênero) e Twitter (@liegunesp).

Informações sobre a biografia de Sara Ahmed retiradas do conteúdo coletado e traduzido por Beatriz Labadessa de Oliveira, estudante de graduação em Ciências Sociais (UNESP/FFC), bolsista PIBIC 2020-2021 e pesquisadora em formação do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero (LIEG).

Terceiro encontro da Roda de Conversa “As epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?”

As atividades do segundo semestre de 2021 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão “As epistemologias do sul e a Violência de Gênero: Queixas, Reclamações – uma Pedagogia Feminista?” teve seu terceiro encontro no dia 07 de outubro com a exposição da psicóloga e professora Nilma Renildes da Silva, da UNESP-Bauru, do livro A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero de Oyèrónkè Oyèwùmí.

A autora desse livro é uma cientista social, teórica e feminista nigeriana. Publicada em 1997, a obra é resultado da sua tese de doutorado e propõe uma crítica pós-colonial e feminista do predomínio ocidental nos Estudos Africanos, a partir de uma argumentação de cunho epistemológico e metodológico. Oyèrónkè argumenta, com base em evidências linguísticas e etnográficas, que antes da colonização britânica a sociedade yoruba-oyó do sudoeste da Nigéria não organizava os papeis sociais a partir de hierarquias sexuais, corporais e de gênero, e sim pela senioridade.

Portanto, depois de apresentar resumidamente cada capítulo desse livro, a professora Nilma, logo em seguida, abriu o debate para nossa roda de conversa. As reflexões e perguntas demonstraram a importância da contextualização e o cuidado que devemos ter ao utilizar as categorias de gênero e patriarcado não somente nos estudos de sociedades africanas, mas em todas as nossas análises enquanto pesquisadoras e teóricas dos estudos de gênero, feminismos, culturas, história, masculinidades, violência e etc.

Nossas atividades continuarão até novembro e nos próximos encontros dos dias 21/10 e 28/10 nos debruçaremos sobre o livro Complaint! de Sara Ahmed, contaremos com a presença da autora.

Informações da biografia de Oyèrónkè Oyèwùmí retiradas do site: Biografias de mulheres africanas

Fórum Permanente sobre Diversidade, Equidade e Direitos Humanos na Universidade

Universidade e os novos desafios: Violência e Assédio

No próximo dia 20/10, às 17h, a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” promoverá o Fórum Permanente sobre Diversidade, Equidade e Direitos Humanos na Universidade com as professoras Emilia Barbosa, Hillary Hiner, Lídia Maria Vianna Possas e Sandramara Matias Chaves.

O fórum será transmitido ao vivo pelo canal oficial da UNESP e tem como objetivo dar visibilidade aos novos desafios enfrentados pelas universidades, especificamente com relação às práticas de violência e assédio. O LIEG convida a todos, todas e todes a mandarem suas perguntas pelo chat e participarem do evento.

Centenário do educador Paulo Freire

Paulo Freire (1921-1997) nasceu em Pernambuco, na cidade de Recife, e deu início à sua vida enquanto professor de língua portuguesa no Colégio Oswaldo Cruz. Em 1943 ingressou na Faculdade de Direito do Recife e, depois de formado, continuou atuando como educador de português no mesmo colégio e de filosofia da educação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco. Seu primeiro projeto usando o Método de Alfabetização Paulo Freire ocorreu em 1962 na cidade de Angicos no sertão do Rio Grande do Norte, quando 300 trabalhadores da agricultura foram alfabetizados. O projeto ficou conhecido como “Quarenta horas de Angicos”.

Durante a época da ditadura militar de 1964-1985 aqui no Brasil, Freire ficou exilado por 5 anos no Chile, onde desenvolveu trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária. Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard e por 10 anos foi consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Municipal das Igrejas em Genebra, na Suíça. O educador viajou por vários países atuando enquanto consultor educacional. No retorno ao Brasil foi professor da UNICAMP e da PUC. Atuou como Secretário de Educação da prefeitura de São Paulo na gestão de Luísa Erundina em 1989.

No dia 19 de setembro desse ano o educador completaria 100 anos de vida e, como uma das comemorações e homenagens à sua figura, nossas atividades de extensão da Roda de Conversa estão sendo elaboradas a partir de práticas pedagógicas-metodológicas freirianas. Paulo Freire dedicou grande parte de sua vida à alfabetização e à educação da população mais vulnerável. Hoje, sua biografia, obras e feitos são devidamente reconhecidos mundialmente e nacionalmente, apesar dos ataques que o patrono da educação brasileira vem sofrendo nos últimos anos.

A nossa proposta de Roda de Conversa estabelece uma relação direta com a pedagogia crítica e libertária de Paulo Freire, pois a produção de momentos singulares de partilha, do exercício da escuta e da fala representam uma experiência transformadora na vida dos/as participantes. Nossa prática dialógica, inspirada em Freire, consegue realizar um intercâmbio de ideias mais democrático e participativo. A tentativa de não eleger um único porta-voz do saber ou uma hierarquia de saberes nos nossos encontros têm possibilitado mudanças na forma como nos relacionamos com os espaços da universidade, apesar do formato online das atividades. Portanto, nas reuniões do LIEG e da Roda de Conversa temos construído em conjunto novos olhares, sentidos e discursos diante o mundo e nossa realidade.

Indicação de leitura das obras de Paulo Freire, que têm inspirado nossa prática pedagógica-metodológica: Pedagogia do Oprimido (1968) e Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa (1996).

Referência utilizada para pesquisa sobre biografia de Paulo Freire: Disponível em: https://www.ebiografia.com/paulo_freire/. Acesso em: 29 set. 2021