A Biografia de Freud mais recente, pela psicanalista francesa Elizabeth Roudinesco, 2016.

Após assistir o seriado  Freud, lançado pela  NETFLIX, nessa semana, fiquei intricada com a proposta:  o psicanalista, ainda nos primórdios de sua carreira, na Viena de 1886,  assume um  protagonismo como medico neurologista  e  também  perito  em desvendar  crimes  sexuais através de sua intuição e  experiência  com a hipnose  associada a  busca de razões no inconsciente. Para ele cada um vivia com conflito com  uma força interna que os movia  e os faia agir através de   comportamentos “ irracionais”.  Como pacientes eram  tratados  como loucos  pela Academia Médica, vienense.

O psicanalista enfrenta um contexto  de conspiração, de disputas  políticas e da febre  nacionalista durante o período do  Império Austro –Húngaro que existiu entre  1867 a 1918, quando sucumbiu diante das forças da 1ª Grande Guerra. ,

Freud , diante dos assassinatos sexuais,  conspiração palaciana  e de cerimônias satânicas, entendidas como um misto de ciência, feitiçaria, ocultismo e práticas tenebrosas de aliciamento , sai em busca de entendimento e explicação para os inúmeros crimes. Nesse momento a sociedade vienense, principalmente a aristocracia falida e uma burguesia em ascensão  estavam “ tão concentradas na  introspecção que não soube antever a I Guerra Mundial, nem a irrupção do nacionalismo, nem a miséria do povo que a rodeava”( Roudinesco, 2015)

Para compreender um pouco mais sobre a figura do Pai da Psicanálise,  busquei  as biografias publicadas. Entre algumas com  controversas discussões   sobre a personalidade do médico e seus vícios, encontrei a obra da psicanalista e historiadora  Elizabeth Roudinesco,  também professora na École Pratique des Hautes Études.  Ela foi responsável por escrever o roteiro, para a televisão, do documentário Sigmund Freud, a invenção da psicanálise (com E. Kapnist, 1977), exibido no Brasil pela GNT.

Seu livro Freud en Son Temps et Dans le Nôtre/ “Sigmund Freud no seu tempo e no nosso, foi publicada pela Editora ZAHAR, 2016,   me pareceu ser elucidativa pela entrevista que ela  deu ao jornal EL Pais: Élisabeth Roudinesco: “Freud nos tornou heróis das nossas vidas

https://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/02/cultura/1441210297_491115.html,/setembro/2015.

A historiadora e psicanalista francesa Élisabeth Roudinesco.

Marcha das Mulheres – 8 de Março . O avanço das convenções de gênero, porém com presença de ” jaulas” simbólicas.

Feministas  no mundo comemoraram o Dia Internacional da Mulher  através de ” marchas”  que ocuparam o espaço publico de forma contundente e  representativa de  culturas diversas, demandas distintas , porém uníssonas contra o ” jugo” misógino e patriarcal que promove a violência em todos os sentidos. Cada vez mais temos acesso às imagens que comprovam as resistências femininas e a luta nn defesa doss  direitos cidadãos..

Marcha das mulheres brasileiras defenderam  bandeiras  múltiplas contra a violência física, psicológica, simbólica e de identidade de gênero , ampliando com  o propósito politico  para a critica do  “ desgoverno” atual com o cerceamento de direitos das trabalhadoras  e por efeito a restrição da democracia  em vários aspectos.

A articulista  Vera Iaconelli ( da FOLHA e Doutora em Psicologia /USP) aproveitou a efeméride  para e enfatizar  as mulheres  e suas  lutas  não só contra uma pretensa feminilidade,, mas pensar  a data   e “sair da jaula e lutar, não importando qual seu gênero”.  Ressalta como as mulheres  que   ” Trabalham gratuitamente como cuidadoras dos filhos, maridos, pais, sogros às expensas do trabalho remunerado, no qual recebem  menos realizando as mesmas tarefas que os homens.E sintetiza a fala : Quanto mai elas assume que “não é não” —sob um governo que promove o machismo— mais aumentam os casos de estupro e feminicídio”. ( .FOLHA, 10/032020 – Colunas e Blocs)

.https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vera-iaconelli/2020/03/dia-das-mulheres-e-dia-de-que.shtml

Aproveitando a temática Iaonelli  chamou  a minha atenção para o evento científico – 49ª Jornada da Escola da Causa Freudiana, que  ocorreu na França em 2019. O convidado palestrante: Paul B. Preciado, filósofo, escritor e autor  do texto  Junkie”, publicado em 2008, onde relata ” sua experiência com a autoadministração de testosterona para transitar para o gênero masculino”, tomou a palavra   assumindo seu lugar de fala  , como intelectual trans e durante a sua explanação   circulou entre a provocação e uma fina ironia deixando a plateia incomodada  ao  denunciar que há  dificuldade em assumir que existem diferentes formas de viver a relação com o corpo, com o desejo e com as convenções de gênero bem distantes da patologia. E para tanto explicitou inciou :: ..“Falo-lhes, hoje, desde essa jaula elegida e desenhada, do homem trans, do corpo de gênero não binário.”https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vera-iaconelli/2020/03/dia-das-mulheres-e-dia-de-que.shtml

Reforço essas frases  para refletir um pouco mais sobre o Dia Internacional da Mulher. Reconheço que houve avanços das convenções de gênero, embora as praticas  mantêm as ” jaulas” que definem pessoas e estrangulam sua forma de viver . Pessoas  gays, lésbicas e trans , já saíram dos armários. Para que?  A jaula simbólica permanece excluindo e violentando direitos.

O estupro não é um ato sexual, é de poder, de dominação’: a antropóloga argentina Rita Segato

Segato nos inspira a pensar mais profundamente sobre o Assedio Sexual, o Estupro , o Machismo  e a Violência de Gênero.

Para a compreensão  da sociedade latino americana onde a violência de gênero  tem sido a tônica para a explicação dos altos índices de feminicídio: cito como exemplo  a  cidade de São Paulo em 2019, onde o índice cresceu para 154 casos entre janeiro e novembro, comparada as 134 ocorrências de 2018 .( G1, São Paulo, de 6/01/2020)

A antropóloga tem sido pouco compreendida quando afirma que “ O estupro não se baseia em um desejo sexual, não é a libido descontrolada de homens, não é porque sequer é um ato sexual. É um ato de poder, de dominação, é um ato político. Um ato que se apropria, controla e reduz as mulheres por meio da apreensão de sua intimidade.”

“O Estado opressor é um macho estuprador / O Estado opressor é um macho estuprador / O estuprador é você / O estuprador é você.”   Versos que foram incorporados como um hino  feminista mundial: “Um estuprador no seu caminho”, a música e a coreografia que nasceu no Chile e percorre praças de todo o mundo .

A autora prossegue  e  vai além  ao questionar  o pensamento  feminista quando diz  “que a violência de gênero é um problema de homens e mulheres”, e que não devemos  apontar o ” empoderamento das mulheres” como o elemento principal da violência de gênero, mas ” uma consequência da precarização da vida, da economia, de não pode se educar mais, ler mais, ter acesso a diversas formas de bem-estar”

.http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/579340-empoderamento-e-um-instrumento-de-luta-social

Rita Segato tem dado varias entrevista e publicado os resultados de suas pesquisas realizadas em vários países , inclusive no Brasil, quando analisou a questão da masculinidade nos presídios de Brasilia.

A entrevista dada pra o G1, Mundo esclarece pontos de vistas que a autora tem defendido. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/12/21/o-estupro-nao-e-um-ato-sexual-e-de-poder-de-dominacao-diz-rita-segato-a-feminista-que-inspirou-o-estuprador-e-voce.ghtml
 Os trabalhos da antropóloga argentina Rita Segato serviram de inspiração para o hino feminista que nasceu no Chile — Foto: Getty Images via BBC

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Os Coletivos Estudantis e a Universidade : entre politica e desejos. As resistências são ampliadas .

Os coletivos  estudantis e suas propostas  vem provocando ações e e provocações publicas que  marcam lugares, Suas  lideranças pretendam ser representantes de identidades e especificidades de grupos e sujeitos de classe, de cor e de sexualidade. Muitas vezes sua existência é provisória em razão do modo como a organização política tem se dado no contexto da universidade.

Marcado pela transitoriedade, a continuidade da existência dos coletivos a longo prazo tem a ver com a reunião em torno de objetivos de luta comuns de um grupo de pessoas. Mesmo com mudanças de nomes e de componentes muitas pautas ainda se mantém em torno de interesses de afirmação política identitária na universidade ou, ainda, como espaço de produção de ações alternativas à construção de saberes no cotidiano acadêmico (pela arte, pela cultura ou ou epistemes dissidentes da tradição científica acadêmica).

Vejam no site Educando para a Diversidade, projeto UNESP/Santander e  o  Mapeamento realizados  das distintas iniciativas inclusivas na UNESP :.

  • Gênero e Sexualidade / LGBT+
  • Empoderamento Feminino / Feminismo
  • Educação / Inclusão / Escola Pública
  • Acessibilidade / Deficiência / Educação Inclusiva

https://educadiversidade.unesp.br/

São Paulo registra em media um caso de estupro dentro de escolas por dia

A policia de São Paulo  registrou em 2019 , uma media de um estupro e/ou uma tentativa de estupro por dia nos espaços escolares públicos e privados — incluindo berçários.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, de janeiro até outubro de 2019 há registros de 307 ocorrências do gênero.

A maioria dos casos envolve crianças de 0 a 11 anos como vítimas: 191 deles.

Na faixa etária entre 12 e 17 anos, foram 77….

 

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/02/05/sao-paulo-registra-em-media-um-caso-de-estupro-dentro-de-escolas-por-dia.htm?cmpid=

I Congresso Nacional a Mulher e o Mundo do Trabalho. UNESP – Marília , 16 -19 março de 2020

 

O “I Congresso Nacional a Mulher e o Mundo do Trabalho: os desafios da mulher no contexto histórico atual” objetiva reforçar o debate intelectual entre academia e sociedade em torno da temática da condição social da mulher e seu papel enquanto sujeito social ativo em diferentes áreas de interesse, como a acadêmica, política, jurídica e feminista.

O Congresso é organizado pelo Grupo de Pesquisa Cultura e Política do Mundo do Trabalho (CNPq) e pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (CAPES) da UNESP-FFC.

O  evento se desenvolve em torno de temas  relevantes  na área das Humanidades e afins, problematizando o mundo moderno na atualidade e suas tantas contradições.

O formato será constituído por mesas de apresentação de trabalhos e debate público com mulheres especialistas nas temáticas, acadêmicos, professores e movimentos sociai

 

 

 

 

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Bulling, pratica de violência interpessoal na Graduação e Residencias medicas: relação de poder e opressão

Pesquisas recentes tem evidenciado a presença de praticas de violência de Gênero com diversos recortes e interconexões de raça, classe, sexualidade.

Uma tema que veio à tona foi o ” Bullying”,. nos curso de Graduação e  Residencias medicas em nossas Universidade. 

As ações mais comuns diagnosticadas foi: o assedio verbal ( 80%) e o assedio sexual( 5,3%) causando esgotamentos, depressão e quando mais radical,  a evasão escolar.

As tensões e os casos de violência interpessoal  e de assedio sexual na Academia vem sendo divulgados por pesquisas –  como a  que o Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero  /LIEG- UNESP   desenvolveu abordando a temática Sobrevivência(s) e  violência de gênero no espaço acadêmico:  avanços, ambiguidades e  perspectivas( 2017-2019).  Essa pesquisa demonstrou a presença de trotes violentos, apesar da proibição na UNESP, desde 1999) como as festas  que levou as estudantes a organizarem-se em  coletivos Feministas contra o Racismo e a Homofobia,

Na área da Saúde, varias formas de bulling foram identificadas, a saber: matéria na  Revista Pesquisa  FAPESP,    Carreiras :Ano 21, nº.287, pag. 95-97.

https://revistapesquisa.fapesp.br/2020/01/02/bullying-nas-escolas-de-saude/

Violência Interpessoal e suas Configurações: relação veterano-calouro, trotes e humilhações na Recepção aos novos estudantes que podem se estender durante o curso;

Relação Professor -Alunx : Desencorajamento e exposição relacionada ao desempenho acadêmico de graduando;

Violência Interpessoal e seus Pretextos:

  • Discriminação pela aparência física, modo de vestir ou de falar
  • Discriminação relacionada à classe social e etnia
  • Discriminação sexual e/ou de gênero ; atitudes e comentários machistas, sexistas e homofóbicos

 

 

União Europeia anuncia Estratégia para a Igualdade entre Homens e Mulheres

Matéria da jornalista portuguesa Ana Cristina Pereira publicada no site Público anuncia que a União Europeia deve adotar ainda este ano o projeto Estratégia para a Igualdade entre Homens e Mulheres. O texto afirma que Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou que a proposta pretende abordar a forma como as leis influenciam nas decisões das mulheres no decorrer de suas vidas, a exemplo de casar, ter filhos e a carreira, entre outras escolhas.

https://www.publico.pt/2020/01/22/mundo/noticia/vem-ai-estrategia-europeia-igualdade-genero-1899584

LIEG participa do Projeto UNESP/Santander Educando para a Diversidade

O LIEG – Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero – ligado à UNESP/Marília, participa do Projeto UNESP/Santander Educando para a Diversidade, que objetiva promover ações para assegurar o respeito à diversidade na Universidade e na comunidade em que está inserida.

Compartilhamos aqui o Guia de Prevenção ao Assédio e o episódio “FeminismoS” do programa “Unesp em Ação”, da TV UNESP, que teve a participação de Camila Rodrigues, doutoranda em Ciências Sociais e membro do LIEG.

Guia prev assédio

FeminismoS: https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=cu2ElmfkYnM&feature=emb_logo

 

 

” Ela Disse”, testemunho de mulheres que sofreram assedio sexual!!!

Megan TWOHEY  e Jodi KANTOR , ” Ela Disse” Ed. Cia das Letras, 2019.

Duas jornalistas norte americanas  após uma investigação minuciosa e cuidadosa devido ao tema – assedio sexual  de  celebridades-  como o  caso do diretor da empresa cinematográfica Miramax,  Harvey Weinstein   colocaram em cena os bastidores de uma  reportagem que deu impulso ao movimento  #Me Too.

O #MeToo foi um tsunami que liberou ondas e águas represadas há dois milênios. O movimento fala por mim, por você, por todas as mulheres que eram tão sufocadas que nem percebiam que assédio era assédio.” – Heloisa Buarque de Hollanda

Mais de 30 mulheres, entre atrizes e funcionarias da empresa,  acusaram o diretor e deram depoimentos  sobre as suas práticas repulsivas . Elas foram conquistando a confiança de dezenas de mulheres, que expuseram os casos de  assédio de Harvey Weinstein e que  fundamentaram a reportagem – furo jornalistico – publicada  em 5/10/2017 sobre os ” padrões de comportamento” utilizados  pelo diretor e homens de sua empresa.

Assim ” um dos homens mais poderosos da história da indústria cinematográfica foi transportado dos quartos de hotel onde atacava mulheres para o banco dos réus —onde deve se sentar em 6 de janeiro de 2020 com a possibilidade de pegar até prisão perpétua se condenado pelos até agora cinco crimes sexuais de que é formalmente acusado. ( Ilustrada, 30/11/2019)  FOLHA de São Paulo

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/11/bastidores-de-casos-de-assedio-sexual-em-hollywood-tem-ritmo-de-thriller-em-livro.shtml

Temos agora a publicação do livro de TWOHEY e KANTOR, sobre um tema tão silenciado e ultrajante para  mulheres que enfrentaram e ainda enfrentam o assedio sexual.