Decolonizando saberes: feminismo interseccional

Durante a realização da ACEU: Descolonizando saberes: gênero, violência, interseccionalidade e lugares, discutimos a existência de feminismos como ferramentas de análises e compreensão da realidade.

Tratamos em especial do Feminismo Negro e do Feminismo Interseccional. Ambos trazem mais camadas ao olhar gendrado. Não se trata apenas de considerar o ser mulher, mas situá-lo dentro de uma existência complexa, com variantes e somatórias que não nos permite uma desvinculação de suas nuances. A proposta é a de ampliar o debate e em especial no que tange ao feminismo interseccional, cuidar para que o termo não seja esvaziado do seu potencial político crítico.

Quando pensamos em interseccionalidade não podemos considerar apenas as variantes, mas entender de que maneira e com qual intensidade essas variantes afetam nossa práxis enquanto mulher. É procurar compreender quais dinâmicas nos atravessam.

É sair do esquema de organograma, de uma influência estruturada e hierarquizada, para uma rede, uma teia de influências, amplamente conectada e onde um mesmo fio perpassa vários outros fios, se fundindo de tal maneira que não possam ser desvencilhados sem estragar o tecido.

Assim é o feminismo interseccional. Complexo, nuançado e muito importante para entender as influências de gênero, sexualidade, raça, maternidade, classe, etnia e tantos outros marcadores que cerceiam o ser mulher.

Para atender a este fim, as alunas Ana Paula Almeida de Miranda e Julia Xavier aprofundaram as discussões com as leituras de Carla Akotirene, Raquel Sueli Cardoso da Conceição, Patrícia H Collins e Livia de Souza Lima, realizando uma discussão orientada dos tópicos Feminismo Negro e Feminismo Interseccional na reunião da Atividade Extensionista realizada em 27 de junho de 2024.

Texto por Ana Paula Almeida de Miranda. Bacharelanda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (PPGCS/UNESP). Integra o Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero (LIEG/UNESP) e é pesquisadora do Observatório de Segurança Pública (OSP/UNESP). Atualmente, se dedica aos estudos das relações entre gênero e atividade policial.